quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Séniores: UDC, 0 – Turquel, 2

Falta de sorte na concretização e falta de imparcialidade da arbitragem marcaram um jogo, onde o futebol foi o menos dignificado. No final: excessos, confrontos, expulsões, muitas contestações,...


A jogar mais uma vez em casa emprestada a UDC não conseguiu, no entanto, conquistar a vitória desejada. Mais uma vez não foi o empenho e a falta de oportunidades que afastou os três pontos. A sorte esteve longe das cores da equipa caranguejeirense, e a equipa do Turquel foi 100% eficaz. Nas duas oportunidades que teve concretizou-as. Obviamente que houve, infelizmente, mais uma vez factores que contribuíram para alguma intranquilidade ou nervosismo no grupo às ordens do técnico José Carvalho. Erradas e parciais decisões do “senhor do apito” conseguiram aos poucos ir enervando os elementos do grupo da UDC, ignorando sucessivas e duras faltas a meio campo por um lado, e não penalizando com a respectiva sanção as muitas “tareias” que jogadores como o Igor iam sendo alvo da ira dos turquelenses. E porque para concretizar é fundamental calma e concentração, os tão desejados golos acabaram por se esvair, e a frustração do grupo e técnicos tornava-se evidente à medida que o termo da partida se aproximava. Já depois do segundo golo dos visitantes, a cinco minutos do final e após troca de palavras, o juiz da partida expulsou o técnico principal da UDC. Este acto somente justificável pela visível e lamentável arrogância do árbitro acabou por resultar numa perda total do controlo dos minutos finais da partida. Alvo de forte protestos de toda a assistência, o péssimo trabalho do árbitro e as suas atitudes só puseram ainda mais à flor da pele os nervos dos jogadores de ambas as equipas, sobretudo dos jogadores da UDC, o que resultou na expulsão do Igor (muito massacrado pelas duras faltas que foi alvo em toda a partida), e na mostragem de vários cartões amarelos. Ao mesmo tempo outros ficaram por mostrar perante manifestas faltas de respeito como a atitude do jogador “Salsicha” na marcação de um livre à entrada da área adversária.

O final aguardava-se explosivo. O resultado acabou por não sofrer alterações, e após o apito final o técnico José Carvalho voltaria a abordar o árbitro para, cara a cara, mostrar o seu extremo desagrado para com o trabalho a que toda a gente assistiu ao longo de 90 minutos pela arbitragem.

Graças à intervenção de jogadores que procederam ao afastamento do técnico caranguejeirense, o desfecho não foi outro pior. Protegida pelos agentes da GNR, a equipa de arbitragem deixou o recinto de jogo debaixo de um enorme coro de contestação, assobiadelas e impropérios.

Dir-se-ia um lamentável espectáculo, que mancha o desporto-rei, cujas culpas, mais uma vez recaem somente na equipa de arbitragem.

Em declarações exclusivas ao blog da UDC e ao Notícias da Caranguejeira, José Carvalho, já um pouco mais calmo, mas ainda a tentar digerir todos os acontecimentos em que interveio, explicou-nos o que se passou e o que motivou tão franca e forte contestação.

«Este árbitro prejudicou-nos nas falta de meio campo e nos cantos que os bandeirinhas assinalam e ele diz que são lançamentos ou pontapés de baliza. Depois, é a arrogância dele. Já nos tinha prejudicado no jogo contra o Santo Amaro porque não assinalou um penalti. Aqui não ouve nenhum, nem nenhum golo mal anulado. Simplesmente houve só a arrogância dele em marcar falta e deixar passar tempo, e foi contra isso que nos manifestamos. Foi contra isto que, como equipa que estava a perder, nos insurgimos. A única coisa que aconteceu foi que passei o jogo a alertá-lo para as falta a meio campo que não eram faltas. E a cinco minutos do fim disse-lhe que se ele me iria expulsar no fim, mais valia que expulsasse agora, e ele expulsou-me.»


E a expulsão do Igor?

«Em relação ao Igor, no final do jogo fui dizer ao árbitro que o jogador foi bem expulso. Mas o Igor é bem expulso devido a um acumular de faltas sobre ele que o árbitro não marca, que o deixaram todo marcado. Passa o jogo todo a levar porrada, e a certa altura é esperado que agrida o adversário. Aí é bem expulso, mas é consequência de uma má arbitragem que teve durante o jogo todo em não marcar faltas.»

A arbitragem justifica inteiramente o mau resultado ou sentiu alguma falta de sorte na concretização?

«Nós com este árbitro temos algum azar. Com isto não quero dizer que perdemos por causa do árbitro. Perdemos porque a equipa do Turquel foi 2 vezes à baliza e marcou. Nós passamos o jogo todo no meio campo deles e tivemos 10 ou 12 oportunidades que não concretizámos.

A Caranguejeira só perdeu o jogo por culpa própria. Com uma equipa destas a UDC não pode perder, algo tem que se modificar. Abrimos os flancos, jogámos com dois alas bem abertos, dois avançados, acabámos a primeira parte só com três defesas. Fizemos tudo o que era possível mas não conseguimos marcar um golo.

Depois de uma fase ascendente nos últimos jogos a UDC volta a manifestar momentos difíceis semelhantes aos que marcaram o início do campeonato. O que é que se tem passado?

«O nosso objectivo era fazer à volta de 32 pontos até final da primeira volta, para podermos lutar pela subida, isto independentemente dos maus resultados em casa nos jogos com o Santo Amaro e o Óbidos. Nós, o grupo, tínhamos consciência que ainda tínhamos que fazer quatro vitórias até acabar a primeira volta. Perdemos na Biblioteca, um jogo que nos marcou muito porque não merecíamos perder. Empatamos com o SL Marinha em casa, um resultado que não foi mau tendo em vista que foi contra a equipa que ocupa a primeira posição, perdemos agora com o Turquel. Já só faltam dois jogos, o que significa que só podemos chegar às três vitórias, ganhando nos Milagres e em casa com o Vieirense, não dando para chegar aos 32 pontos. Há, no entanto, uma segunda volta pela frente e o grupo está a ficar unido. Pela primeira vez começamos a ter o plantel todo, pois temos andado o campeonato todo sem centrais. Temos sempre jogadores adaptados, não temos um lateral esquerdo de raiz. O Ismael faz um jogo, mas está 3 ou 4 sem jogar. Não temos ninguém com um pé esquerdo, nenhum médio esquerdo.»

A chamada, hoje, do júnior Menino à equipa principal é um recurso ou algo para repetir?

«Sim, hoje recorremos a um júnior, o Menino, que jogou muito bem e deu um contributo muito bom à equipa. É um jogador que temos andado a seguir nos jogos dos juniores. Há ainda outros que podem vir a ser chamados. Neste momento não podemos perder mais pontos. Sabemos que na segunda volta vamos recuperar muitos pontos, mas começa a ser difícil para chegar ao primeiro ou segundo lugar.»


Está à espera de reforços?

«Não, já fomos buscar o Tó Mané, que é um jogador com muita maturidade, que não é central, foi sempre lateral esquerdo, e que neste momento está lesionado. Não vamos buscar mais nenhum jogador porque a Caranguejeira tem que olhar para o futuro, e neste momento, com a nossa classificação é difícil aliciar jogadores com valor para virem para cá. Para trazer jogadores têm que ser muito melhores que os que cá estão, e nós temos jogadores que estão a subir de rendimento, só lhes faltam as oportunidades.»


Reportagem: Orlando Marques

[texto e fotos]